quinta-feira, 7 de julho de 2011

Com dois decretos, Cabral passou sem escalas do luto ao deboche

05/07/2011,às 17:26 \ Direto ao Ponto, Augusto Nunes

“Quero assumir o compromisso de rever minha conduta”, prometeu renegerar-se o governador Sérgio Cabral ao emergir do silêncio de sete dias, imposto pelo acidente que escancarou as relações mais que perigosas mantidas com empresários que prosperam no Rio de Janeiro. 

Além de sete mortes, a queda do helicóptero no sul da Bahia provocou ferimentos graves na imagem do governador que voa em jatos da frota de Eike Batista e festeja em resorts de cinema o aniversário do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, que administra 99 em cada 100 canteiros de obras públicas plantados no Rio.

Se tivesse ficado na frase em que jurou redimir-se, o pecador talvez induzisse muitos brasileiros, aplicados profissionais da esperança, a acreditar que até um Sérgio Cabral tem jeito. Mas políticos, como jogadores de futebol, raramente param na hora certa. A discurseira prosseguiu ─ e o governador passou sem escalas do luto ao deboche quando informou que, para mudar de conduta, baixaria um decreto que o obrigasse a mudar de conduta.

“Vamos construir um código juntos, vamos estabelecer os limites”, recitou Cabral. “Tem um código nacional, se não me engano, feito no fim do governo Fernando Henrique Cardoso, em 2002. E deve haver estados em que há. Adoro Direito comparado. Vamos ver o que há em outros lugares do Brasil e no mundo”. Para espanto do país que já não se espanta com nada, o primeiro a aplaudir a ideia foi Eike Batista, que qualificou de “perfeito, maravilhoso” o falatório do parceiro de pecados.

“O governador falou, é isso aí”, aplaudiu. “Que se estabeleça esse código de conduta. A gente respeita as regras do jogo”. Como lembrou uma reportagem de VEJA desta semana, leis existem de sobra. Só falta cumpri-las. Cabral descobriu que bastaria adotar o Código de Conduta Ética do governo federal. Nesta quarta-feira, um decreto no Diário Oficial fluminense publicará o texto do código. Outro criará a Comissão de Ética Pública Estadual e a Comissão de Ética da Alta Administração, concebidas para enquadrar os infratores.

A partir de amanhã, portanto, Sérgio Cabral saberá que, como agente público, não pode receber de empresários com interesses na administração estadual “presente, transporte, hospedagem, compensação ou quaisquer favores, assim como aceitar convites para almoços, jantares, festas e outros eventos sociais”. Faz de conta que nunca desconfiou que isso é, na hipótese mais gentil, um soco no fígado da ética. Faz de conta que nunca imaginou que poderia estar agindo como um fora-da-lei.

Se for obediente às regras que chancelou, acabaram-se os passeios aéreos, as férias em ilhas caribenhas, as viagens à Suiça e as festanças em hotéis seis estrelas, fora o resto. Nem por isso o governador está dispensado de prestar contas de delinquências ocorridas desde que assumiu o cargo. Tragédias não matam culpas, códigos não anulam prontuários. É preciso investigar os privilégios e vantagens que permitem a Eike Batista ampliar a fortuna imensa. É preciso vasculhar os contratos com a Delta.

Os casos de Antonio Palocci e Alfredo Nascimento avisam que o governo federal resolveu combater a ladroagem endêmica com pedidos de demissão ou exonerações de subordinados. O governador fluminense, aparentemente, acha que é possível suprimir o passado por decreto. Não é, reafirma o vídeo de um minuto e meio reproduzido abaixo. Vale a pena revê-lo.

Na entrevista concedida durante a campanha eleitoral de 1996, o jovem candidato a prefeito do Rio pelo PSDB reage com indignação à pergunta sobre ligações suspeitas com empresários. E perde a paciência de vez quando é comparado ao ex-presidente Fernando Collor. Se a comparação for reprisada agora, é provável que Collor se sinta ofendido.


quarta-feira, 6 de julho de 2011

Com Cabral, o Brasil descobre um novo Odorico


O oportunismo e a "cara-de-pau" de Cabral merecem uma medalha de ouro se fosse uma prova olímpica. Essa questão do código de "ética" que ele está enfiando "goela abaixo" da sociedade parece uma "chanchada" política.

Imaginem até os comitês de "fiscalização" serão indicados por ele, fazem inveja ao inesquecível prefeito de Sucupira, Odorico Paraguassu! E mais: ele quer, com isso, JOGAR POR TERRA todas as falcatruas comandadas por ele nos últimos 4 anos e meio. 

Aliás, a caricatura de governador que temos aqui no Rio (assim como a de Prefeito) não pode nem ser comparada a um personagem vivo com o Collor, por exemplo. Não porque não mereça. Talvez, como diz o jornalista Augusto Nunes, da VEJA, porque o Collor não concorde e sinta ofendido.

Da mesma forma que o Cabral Paraguassú se sentiu, ainda jovem candidato a prefeito do Rio em 1996, quando fizeram uma analogia entre ele e Collor. No próximo post, coloco o artigo do Augusto e o vídeo.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Cabral prejudica MacLaren que Eike tem interesse em comprar

O Estaleiro MacLaren, localizado em Niterói, é um dos mais antigos do país: 73 anos marcando presença na indústria naval brasileira. Há poucos anos atrás, nos governos Garotinho e Rosinha, ele chegou a ter 14.000 empregados diretos. Realidade que infelizmente se inverteu devido às omissões e ações do governo Cabral.

Hoje, a perspectiva do setor é extremamente favorável devido aos enormes investimentos do pré-sal. Por isso, diversos governadores estão visitando outros estados para atrair novos estaleiros para seu território e gerar novos empregos e renda. Tarso Genro (RS) veio até o Rio para isso. Alagoas, Bahia e Pernambuco estão extremamente agressivos nesse sentido.

Com tanta demanda de mercado e de incentivos, era de se esperar que o governador Cabral ou seu Secretário de Desenvolvimento e Indústria, Júlio Bueno, facilitasse e incentivasse a competitividade dos estaleiros fluminenses. Tudo que se espera de um governante nessa guerra por investimentos é que proteja e apoie as indústrias de seu estado e seus trabalhadores.

Bem, há 4 anos e 1/2 (mandato de Cabral), o estaleiro MacLaren, segundo sua presidente Gisela MacLaren em entrevista a Ricardo Boechat em seu programa de hoje, tenta obter apoio do governo estadual para seu projeto de expansão. Para isso, a demanda não é tão complexa: trata-se de um terreno que hoje abriga a Escola da PM em Niterói.

Há 4 anos e 1/2, o governo, segundo Gisela, se omite nessa questão e em todas as que envolvem a indústria naval, que, por sinal, foi um dos "carros-chefes" da recuperação econômica do RJ durante os governos Garotinho e Rosinha. Gisela, quase indignada, apela para que o governador "deixe de se preocupar apenas com as Olimpíadas e a Copa do Mundo".

Além desse absurdo de largar a propria sorte os setores econômicos mais tradicionais do RJ, vocação natural do estado, Cabral tem que explicar mais uma questão. Aliás, mais uma que envolve seu generoso amigo Eike.

Gisela disse ao Boechat que, por conta do porte da MacLaren e da crise que o estaleiro hoje atravessa por não poder se ampliar para atender a demanda do mercado, ela tem recebido diversas propostas de compra. São empresas que enxergam a oportunidade de crescimento vertiginoso por um preço bem menor agora do que se esperasse a MacLaren se ampliar e recuperasse seu valor de mercado.

Aí, veio a pergunta (como quem não quer nada) de Boechat: - Dona Gisela, entre esses interessados está o empresário Eike Batista? Resposta: - Sim, ele é um deles.

Esse blog alerta e sugere aos outros que também vem descobrindo e denunciando as falactruas de Cabral e sua turma: investiguem os investimentos de Eike nos ultimos 5 anos. Descubram os incentivos ou facilidades que ele obteve envolvendo órgãos governamentais. Verifiquem as empresas, instaladas no RJ, que simplesmente estão no mercado que ele atua ou quer atuar.

O fio da meada aumenta cada vez mais...

segunda-feira, 4 de julho de 2011

"Nas asas do Eike: há códigos sobrando e vergonha faltando"

Leiam abaixo a incrível e vergonhosa história (mais uma) do governador Sérgio "Odorico" Cabral. Esse blog já tinha denunciado parte disso, a partir de um comentário feito semana passada pelo jornalista Ricardo Boechat. Mas vale à pena ler os detalhes que eu desconhecia.

Comentário do jornalista Ricardo Noblat em seu blog - 04.07.2011

Dono de um patrimônio avaliado em 30 bilhões de dólares, apontado pela Revista Forbes como a 8ª pessoa mais rica do mundo, o empresário Eike Batista pode emprestar a quem quiser seu jato Legacy de 26 milhões de dólares. Mas nem todo mundo pode aceitar o empréstimo. Como homem público, o governador Sérgio Cabral, por exemplo, não poderia.

Sabia-se que em outubro de 2009, Cabral voou no jato de Eike para assistir em Copenhague ao anúncio da escolha do Rio como sede das Olimpíadas de 2016.
Soube-se que ele voou no mesmo jato para passar recente fim de semana em Porto Seguro, que culminou com a queda de um helicóptero e a morte de sete pessoas.
Agora se ficará sabendo que pelo menos uma outra vez Cabral voou à custa de Eike. No mesmo Legacy. E que não foi um vôo de ida e volta a algum lugar. Foi um vôo cheio de idas e voltas. Um vôo excepcional. Que mobilizou o jato de Eike durante uma semana. E que provocou uma canseira braba nos pilotos.
Dia 3 de dezembro do ano passado.
Jordana Cavendish, mulher do empresário Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta Construções, e de contratos com o governo do Rio no valor de R$ 1 bilhão, seu filho de três anos de idade e a babá do menino, estavam de malas prontas para voar em avião comercial com destino a Nassau, nas Bahamas, paradisíaco arquipélago do Caribe.
Adriana Ancelmo, mulher de Cabral, com seus filhos Thiago e Mateus e duas babás, também ia para Nassau e resolveu convidar Jordana para formarem um grupo e viajarem juntas no jato de Eike. Convite aceito, o grupo decolou do aeroporto Santos Dumont por volta das 20h.
Fernando Cavendish, sua mãe, a filha mais velha, o secretário de Saúde do Rio, Sérgio Côrtes, e mais a sogra de Côrtes, a mulher, duas filhas e duas babás seguiram em vôo comercial, que correu sem incidentes. O jato de Eike, com Adriana, Jordana, filhos e babás, posou em Manaus para que os passageiros apresentassem os documentos de saída do Brasil. E aí...
Aí deu rolo.
O filho de Jordana, do primeiro casamento dela, estava sem o documento assinado pelo pai autorizando-o a deixar o país. Agentes da Polícia Federal foram inflexíveis no cumprimento da norma. Não cederam nem diante de um pedido feito por Cabral, que telefonou para eles. Como o impasse foi resolvido? Simples. Muito simples.
Adriana Ancelmo, os dois filhos e suas babás retomaram o vôo para Nassau. Jordana, o filho e a babá ficaram em Manaus à espera do documento que lhes permitiria continuar a viagem. O documento chegou dois dias depois. O jato de Eike, que esperava o desfecho do caso em Nassau, voltou a Manaus. Dali, com os passageiros remanescentes, novamente voou para Nassau.
Faltava alguém para completar a lista dos que haviam combinado passar uma semana de férias no luxuoso hotel Atlantis, de seis estrelas. Quem? Cabral! E lá se foi o jato de Eike buscá-lo no Rio, juntamente com três agentes de segurança. E outra vez o jato decolou para Nassau.
Os Cabral e Cavendish ocuparam duas espaçosas suítes, uma em frente da outra. A diária? Cerca de 800 dólares. Desfrutaram de dias de sol fraquinho e de algum frio ao entardecer. Depois de sete dias, a contar da chegada a Nassau pela primeira vez do jato de Eike, teve início a viagem de volta.
Os que haviam ido para Nassau em vôo comercial desembarcaram no Rio em vôo comercial. Os que voaram nas asas de Eike retornaram em suas asas. O quilômetro voado no Legacy custa R$ 25,00. Quase seis mil quilômetros separam o Rio de Nassau. Por deferência de Eike, Cabral economizou uns R$ 600 mil. Sem contar o trecho Nassau-Manaus-Nassau.
É difícil crer que Cabral na semana passada tenha encomendado a seus assessores um código de conduta capaz de orientá-lo nas suas relações com empresários. Um código que deverá distinguir entre o público e o privado.
Com efeito, seria preciso mesmo um código para vetar por imoral a alegre vilegiatura de Cabral na Bahamas? Por suposto, não!
Há códigos sobrando por aí, e vergonha faltando.
Cabral, o Pedro, descobriu o Brasil. Que agora descobre Cabral, o Sério.
Êpa! Quis dizer: Cabral, o Sérgio.

sábado, 2 de julho de 2011

A bondade do MP com Cabral

Vejam como as coisas tem relação no Cabralgate. Já começa a dar resultado a estratégia de usar o Chefe da Casa Civil, procurador do Estado e Mestre em Fraude às Leis (título acadêmico!), Régis Fitchner, para ocultar as falcatruas do governador.

Vejam no link acima quanto "gentileza"do Ministério Público Estadual com Cabral, conforme saiu no jornal Folha de São Paulo e, mais uma vez, nenhum jornal do Rio publicou ainda.

Cabral faz de tudo para impedir investigações sobre ele: foi assim com o Collor


No excelente artigo do jornalista Carlos Newton (v. link no título), mais uma manobra da estratégia de Cabral está sendo detalhada. A "cortina de fumaça" da criação de um "Código de Ética" esconde muito mais do que criar uma imagem positiva na opinião pública. 

Oculta também manobra antiética e imoral (mais uma) de bloquear de todas as formas as investigações do Ministério Público sobre suas falcatruas.


Primeiramente, é preciso lembrar que recentemente em seu blog, o deputado federal Garotinho já tinha revelado os "membros principais" da "família Cabral" e o papel principal de cada um deles. No caso de Regis Fitchner, o define como o "interlocutor com a justiça e o Ministério Público". Só faltou acrescentar que, além de Chefe da Casa Civil, Régis é Procurador do Estado.

Aliás, segundo revela Newton em seu artigo, uma curiosidade interessantíssima cerca a escolha de Fichtner para esse cargo e seu papel suplementar de blindar Cabral junto à justiça. Acreditem se quiser, mas Régis é um especialista em fraude à lei, expertise que lhe proporcionou o grau de Mestre em Direito pela Universidade de São Paulo, tendo até publicado um livro sobre o empolgante tema: “A Fraude à Lei” (Editora Renovar, 1994, 142 páginas). Trata-se, portanto, de um mestre no assunto, que sabe como poucos as melhores manobras para blindar o governador, é claro.

Nem Collor teve um assessor tão "competente" em esconder suas falcatruas.

O grande pavor de Cabral hoje é que o Ministério Público, ou outro órgão dito independente, abra um inquérito que investige não apenas suas relações com os empresários, políticos e mídia, e que benefícios ilegais e/ou antiéticos ele ofereceu. O "xis" da questão, que pode comprometer o mandato de Cabral, é associar sua inexplicável riqueza com essas relações promíscuas. Ou seja, corrupção e trafico de influência.

Se a mídia fizer realmente seu papel e repercutir a necessidade dessas investigações prossguirem e se aprofundarem, Cabral realmente não terá como escapar. A situação então, pode degringolar para ele caso a pressão da opinião pública seja em cima dessa "ferida" que está sendo aberta pela mídia, políticos, blogs e órgãos realmente independentes.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Cabral ofende a inteligência de todos

Dora Kramer, uma das principais colunistas políticas do país, em artigo publicado no Estado de São Paulo (1/7/11), toca na "ferida" ao comentar as "justificativas e o mea culpa" do governador Sérgio Cabral. Um pequeno trecho a seguir resume o sentimento de toda população:

"Soa até ofensivo ao discernimento geral que o governador venha a público em meio às inevitáveis críticas ao seu comportamento para propor a criação de um código de conduta ética para governantes"

Será que alguém que foi deputado, presidente da Assembléia Legislativa do Estado, senador e governador no segundo mandato não tenha noção de seus limites moraís e éticos? Como ele pode dizer que nunca "misturou o público e o privado" se desconhecia seus limites?


Leiam no link do título.