sábado, 10 de julho de 2010

A farsa das UPPs

Extraido do Blog do jornalista Hélio Fernandes (Tribuna da Imprensa, Rio), um dos mais bem informados do país e símbolo de luta e resistência contra todo tipo de manipulação da verdade.

sexta-feira, 09 de julho de 2010 | 07:10

Saiba como o governador cabralzinho teve a idéia de forjar a "pacificação das favelas", fazendo acordo com os traficantes, para iludir a população e se reeleger

Conforme foi mostrado ontem, as reportagens de Vera Araújo em O Globo, nos dias 2 e 3 deste mês, (feitas com base em impressionantes fotos batidas por um morador da Cidade de Deus) confirmam as denúncias que fiz neste Blog em dezembro e janeiro. Naquela época, em uma série de artigos, mostrei que nas “favelas pacificadas”, onde foram instaladas as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), o que houve foi um acordo espúrio e fora-da-lei entre as autoridades e os traficantes.

Mas como um governador pôde chegar à tamanha baixeza, fazendo “entendimentos” com criminosos de altíssima periculosidade, responsáveis por uma das maiores chagas da humanidade, que é a atual disseminação do consumo de drogas?

A história é longa e apaixonante. Começou porque, já entrando no terceiro ano do mandato, o governador cabralzinho estava em baixa e sabia que teria dificuldades para se reeeleger. Cada vez que saía o resultado da pesquisa do Datafolha, com avaliação dos governadores dos 10 maiores estados, ele entrava em desespero.

Vinha em queda livre nesses levantamentos, e os mais recentes chegaram a mostrar que, entre os dez, cabralzinho estava em 8º lugar, só ficando à frente de José Roberto Arruda (DF), já envolvido no escândalo do mensalão e do dinheiro na meia, e Yeda Crusius (RS), que acabara de passar por um processo de impeachment com denúncias gravíssimas de desvio de recursos.

As pesquisas do Datafolha sobre o desempenho dos principais governadores, no ano passado, traziam o seguinte resultado: 1º – Aécio Neves (MG), 2º – Eduardo Campos (PE), 3º – Cid Gomes (CE), 4º – José Serra (SP), 5º – Luiz Henrique (SC), 6º – Jacques Wagner (BA), 7º – Roberto Requião (PR), 8º – Sérgio Cabral (RJ), 9º – José Roberto Arruda (DF) e 10º – Yeda Crusius (RS)

O mais interessante é que Arruda vinha em 6º lugar na pesquisa anterior. Ou seja, estaria na frente de cabralzinho, se não tivesse sofrido o massacre causado pelo escândalo do mensalão.

Assim, para o governador do Estado do Rio, a situação estava ficando desesperadora. Para revertê-la, ele teve então a idéia de simular a “PACIFICAÇÃO DA FAVELAS”, de forma a utilizar essa “conquista” como principal meta que teria cumprido em seu governo, de forma a pavimentar seu caminho rumo à reeeleição.

O governador já tinha maus antecedentes nesse particular, porque, antes da realização dos Jogos Panamericanos, fizera um surpreendente ACORDO COM AS CHAMADAS “MILÍCIAS”. Esse entendimento com as “milícias” foi público e notório, fartamente divulgado e comentado pelos jornais.

Bem, com a experiência obtida no acerto com as milícias, o governador baixou ainda mais o “nível”, e começou a fazer acordos também com os traficantes, nas seguintes bases. 1) Os “soldados” e “olheiros” do tráfico sumiriam do mapa, ninguém mais seria visto portando armas nem usando máscaras do tipo ninja, os tiroteios e as balas perdidas cessariam. 2) Os favelados não mais seriam incomodados pelos criminosos. 3) A Polícia Militar se faria presente, e aparentemente controlaria a situação. 4) Mas o tráfico não seria mais reprimido, desde que realizado com discrição.

Os traficantes adoraram e aceitaram na hora. Por isso, não foi disparado um só tiro em nenhuma dessas operações de “ocupação” das favelas. Para os donos do tráfico, o negócio teve seus custos muito reduzidos, porque puderam dispensar muitos “soldados” e “olheiros” que diminuíam os lucros. Além disso, não precisavam comprar mais armas nem munição.

O prazo de 48 horas (que o governador proclamou ter dado aos traficantes) não foi para saírem das favelas, mas simplesmente para se adaptarem à nova situação. Essa realidade é facílima de comprovar, não é preciso ser nenhum Einstein para chegar a uma claríssima conclusão. Ou será que ALGUÉM ACREDITA QUE O TRÁFICO PAROU?

Esse acordo cabralzinho-traficantes é tão claro e acintoso, que chega a ser ridículo. Vamos analisar o caso da Zona Sul, por exemplo. Se o tráfico estivesse interrompido nas favelas já “pacificadas”, haveria permanente ENGARRAFAMENTO DE DROGADOS nas demais “bocas” da Zona Sul, como Cerro Corá, Morro Azul, Pereirão, Rua Alice (Júlio Ottoni), e Gávea, mais isso não está acontecendo. Pelo contrário, os drogados estão preferindo se abastecer nas favelas “pacificadas”, onde não correm o risco de “levar uma dura”.

PS – Outra demonstração clara é a atual carência de notícias sobre apreensão de drogas. Não parece estranho? Alguém acredita que o trafico realmente parou. Ha!Ha!Ha! Seria cômico se não fosse trágico.

PS2 – Se os traficantes tivessem sido realmente impedidos de atuar, a Zona Sul teria se tornado um inferno, com assaltos e mais assaltos nas ruas. Afinal, esses criminosos “pacificados” estão hoje se dedicando a que ramo de atividade? Será que aderiram aos secos e molhados? Ou pensam em entrar na política, já que estão agora tão “chegados” às autoridades.

PS3 – As matérias publicadas por O Globo sobre o tráfico liberado na “pacificada” Cidade de Deus (com a volta dos caça-níqueis, também) mostram irrefutavelmente a cumplicidade polícia-traficantes.

PS4 – O mais inacreditável foi a declaração do Secretário de Segurança a O Globo. Textual: “Uma filmagem numa esquina onde há a venda de 10 ou 15 papelotes, considerando que são viciados, é factível. É um caso de saúde pública. São pessoas que precisam de tratamento”, disse ele, e completou: “O resultado positivo é infinitamente mais importante que a venda de meia dúzia de papelotes”.

PS5 –É claro que a “pacificação” tem um lado positivo, que é o fim dos tiroteios e das balas perdidas, trazendo um pouco de paz às comunidades. Mas esse objetivo jamais poderia ter sido alcançado mediante a “legalização” do tráfico de drogas, que tanto mal causa à sociedade como um todo. E tudo isso, ressalte-se, com fins meramente eleitorais.

Ps6 – O morador da Cidade de Deus que mandou as fotos a O Globo é um cidadão consciente, tentando desmontar uma farsa. Agiu como menino do conto genial de Hans Christian Andersen, que apontava o dedo e dizia que o rei estava nu, enquanto as outras pessoas, acovardadas, fingiam não ver.

PS7 – O blogueiro Yuri Sanson nos mandou ontem uma mensagem levantando outra “lebre” sobre o acordo cabralzinho-traficantes: “Só existe pacificação nas favelas dominadas pelo Comando Vermelho”. Será mera coincidência? Aliás, você acredita mesmo em coincidência?

2 comentários:

  1. Porque será que a midia esconde tantas falcatruas do governo Cabral? Os principais veiculos não tem nem o respeito de informar que existe,sim, outro candidato que pode jogar no lixo esse turma de incopententes que governam somente para as elites. Para os menos favorecidos sobra o disfarçe da segurança sob forma de UPPS. Fora Cabral! Tá na hora do Peregrino trabalhar! Peregrino Governador !!!

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  2. Gilberto do Salgueiro escreveu:

    Aqui vivemos a espectativa da presença do estado a fazer sua parte, esperamos que o
    Estado seus comandados possam oferecer po
    líticas cultura popular, direito a cidada
    nia, emprêgo,as comunidde vivem o celeiro
    depósitos humanos onde em época de eleição
    como somos lembrados promessas mil fazem de nossas vidas verdadeiros infernos de promessa que nunca se realizam, aqueles candidatos fo
    ram ao morro nunca mais coltaram...

    Respeitosamente.
    Sucessosao nobre candidato.

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